quarta-feira, 30 de março de 2011

As novas configurações do poder mundial.

Se analisarmos ascensão de todos os impérios através da história, verificamos que todos eles foram feitos em bases territoriais. Desde as civilizações da antiguidade, passando por Sumérios, Babilônios, Assírios, Persas, Gregos, Romanos, Chineses, Árabes, Turcos, Portugueses, Espanhóis, Holandeses, Franceses, Ingleses e Russos.
Todos esses impérios que, em alguma época e em algum lugar, tiveram alguma hegemonia sobre seus contemporâneos. Essa hegemonia sempre foi baseada no poder militar e na conquista e domínio sobre vastos territórios. A perda de territórios significava quase sempre o fim da hegemonia.
A ascensão do Império Americano muda completamente esse cenário. Os Estados Unidos depois da Independência, em 1776, cem anos depois, com a anexação de territórios mexicanos, rapidamente se tornam uma potência regional.
Após a Primeira Guerra Mundial passa dividir a hegemonia mundial com a Grã-Bretanha e após a Segunda Guerra Mundial, passa a dividir com a União Soviética o predomínio mundial, assumindo, de vez, a hegemonia econômica e militar mundial, a partir do fim da URSS em 1992.
A analisarmos as ascensões e quedas de impérios através da história percebemos uma característica em todos eles. Os que têm uma ascensão rápida também tem um declínio rápido, como exemplo teríamos o Império de Alexandre Magno na Antiguidade, Alexandre conquistou rapidamente uma vasta área geográfica que não resistiu à sua morte, concluindo, uma ascensão rápida com uma queda também rápida.
Se fizermos a mesma análise usando o Império Romano, veremos que sua ascensão foi lenta, começou conquistando a Península Itálica, se expandindo gradualmente até atingir todas as margens do Mar Mediterrâneo, a que chamavam “Mare Nostrum”, ou seja – Mar Nosso.
Quando de sua queda, também foi lenta e gradual como sua ascensão. Se pesquisarmos um pouco mais teremos vários exemplos como esse na história da humanidade.
Usando essa mesma análise para o caso do Império Americano, vemos que tem uma similaridade com a história romana, foi uma ascensão lenta e gradual, sua queda também será da mesma forma.
O que se destaca na hegemonia americana é a forma como conquistou e mantém essa hegemonia. O Império Americano não mantém seu domínio através de ocupação territorial fora de seu espaço nacional. Mantém algumas tropas no estrangeiro como consequência ainda da Segunda Guerra Mundial, como é o caso da Alemanha e do Japão, mas os dois países tem sua independência e soberania nacionais respeitadas.
Mantem também forças combatentes atualmente no Iraque e no Afeganistão como consequência do ataque ao Word Trade Center, em Nova York.
Na comparação com os impérios anteriores, se percebe que a hegemonia conquistada por eles estava ligada à ocupação territorial. A ocupação territorial pelos americanos está ligada à manutenção de interesses imediatos, satisfeitos esses interesses ela cessa. Nesse caso estão Filipinas e as intervenções na América Central. Não existe uma ocupação territorial como era a dos Romanos, Árabes e outros povos, que impunham suas leis, língua e costumes a outros povos.
Os americanos tem uma característica que os põem à frente de outros povos. Tem a capacidade de aprender e apreender com seus erros. A única guerra em que foram derrotados foi a Guerra do Vietnam, pois essa foi a guerra mais analisada pelo Pentágono e pelas Universidades Americanas. Os Estados Unidos podem até vir a serem derrotados novamente em uma guerra, mas não pelos mesmos motivos que foram vencidos no Vietnam.
A configuração do domínio americano tem características inéditas. É o poder hegemônico mundial, com um mínimo de controle territorial. Como é constituída essa nova forma de poder?
Esse poder é constituído pelo “conhecimento”, ou seja, pela geração de conhecimento.
Os Estados Unidos são o país que mais investe em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, e é esse desenvolvimento que lhes dá a hegemonia mundial.
O PIB (Produto Interno Bruto), a soma de tudo que é produzido no país, corresponde hoje, a cerca de 20% da economia mundial, é o pais mais rico do mundo.
O que faz com que o Império Americano seja hegemônico é o seu domínio sobre as inovações, ou seja, o domínio das novas tecnologias. Essas tecnologias aplicadas à produção de armas, faz com que hoje, não tenhamos nenhum pais que possa enfrentar com sucesso, numa guerra convencional, as forças armadas americanas.
Esse predomínio americano, sem ocupação territorial, e assim mesmo impondo seu poder em todo o mundo é uma nova forma de dominação, nunca antes vista na história.
Alguns cenaristas de plantão afirmam que a China, continuando com seu crescimento econômico dos dias de hoje será capaz de passar os Estados Unidos dentro de aproximadamente trinta anos.
Essa mesma história era contada na década de 70, época do “milagre japonês”, em que se dizia que na década de 90 do século passado, o Japão seria a maior economia do mundo, e vimos sim, chegar à posição de segunda economia mundial, perdendo essa posição para a China há pouco tempo, porém, o cenário previsto não aconteceu.
Os Estados Unidos um dia vão deixar de ser a potencia hegemônica, porém esse dia ainda deve demorar muito a chegar por dois fatores: a imensa capacidade americana de se reinventar e se recriar, visto o que aconteceu após o lançamento do Sputnik soviético, em dez anos os americanos já tinham igualado e ultrapassado os russos em tecnologia espacial.
O segundo fator é o domínio da tecnologia. Para ultrapassá-los seria necessário um investimento, que esta fora de qualquer orçamento nacional. Nenhuma país tem essa capacidade de investimento atualmente.
Ainda temos o fator chinês na questão. A história chinesa é caracterizada por ciclos de unidade nacional e de divisões territoriais. Os próprios historiadores chineses afirmam que essa fase de unidade nacional esta se alongando muito mais que as anteriores.
O que podemos concluir?
Baseados nas premissas acima apresentadas, podemos esperar ainda muito tempo de hegemonia e predomínio americano no mundo. Hoje é fato a ascensão chinesa, mesmo todo o poderio chinês, não tem como se confrontar, em qualquer campo, com o poder americano.
Esse confronto não interessa a nenhuma das partes. A China e Estados Unidos são os maiores parceiros comerciais. A China é o país que tem em seu ;poder a maior parte dos títulos da dívida pública americana, um está intrinsecamente ligado ao outro.
A ascensão de outro poder pode estar surgindo sim, mas ainda vai correr muita água debaixo da ponte para se tomar o poder dos Estados Unidos como potencia mundial.

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